terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Autoconhecimento

O processo de autoconhecimento é longo. E não é fácil, muito menos doce... Muitas vezes experimentamos o gosto ácido de descobrirmos quem somos e o que estamos realmente fazendo aqui. Confesso que por algum tempo (muito, talvez...), eu vivi no mundo de Alice. Sim, vivi no Paìs das Maravilhas, criado por mim mesma e minha mente sonhadora e romântica, que insiste em crer no belo e perfeito, bem típico de uma libriana.
Como já dizia meu velho amigo, Mattedi (já citei ele por aqui...), eu amo o amor. Eu amo estar apaixonada. E muitas vezes projeto em pessoas esse sentimento, que vive em mim, independente. Jean, meu grande amigo Jean, sempre me falou também: Deia, você é toda coração. Isso parece ser bonito, né? E talvez até seja para quem está de fora, mas pra quem é toda coração como eu, é muito difícil. São poucas as pessoas "toda coração" que eu conheço, a maior parte respira trabalho, respira praticidade, e acho que vivem de uma forma mais leve, porque tem preocupações práticas e vivem a vida sem tanta profundidade e com o coração mais tranquilo.
Eu fiz várias escolhas em minha vida que afetaram profundamente o meu presente e consequentemente o meu futuro, eu escolhi viver em função de um amor, de uma pessoa que eu amo hoje de uma forma completamente diferente e muita gente talvez nem entenda, porque apesar de estar casada com ele, a minha ligação com ele nada tem a ver com a de marido e mulher. Somos amigos, irmãos. Sou capaz de dar a minha vida para salvar a dele. Larguei trabalho, faculdade, vida profissional, para me dedicar inteiramente a cuidar da saúde dele. Mas hoje eu sinto que amo sozinha, que só me senti realmente casada nos primeiros anos de casamento e que a cada dia estamos mais longe de ser realmente um casal. Muitas vezes é difícil de admitir isso, porque no fundo eu queria acreditar que poderia ser diferente, que poderíamos voltar a ser um casal, mas vejo que isso seria mais uma tentativa em vão da minha parte, hoje o sentimento é cada dia mais fraternal...
Estou em um momento egoísta, pela primeira vez em minha vida. Estou olhando pra mim, cuidando de mim e da minha felicidade, ou pelo menos dos momentos de felicidade que estou me permitindo viver. Eu não estou mais preocupada com o que vão pensar, julgar ou achar. Eu me conheço a cada dia mais e sei da preciosidade que é a minha alma. Sempre procuro fazer o que considero correto e sempre pensei mais nos outros do que em mim, mas agora resolvi que está no momento de me permitir ser feliz, cuidar da minha saúde (já que sempre cuidei dos outros e pouco de mim) e da minha sanidade mental. Pretendo voltar a cantar, mas desta vez com aulas de canto, técnica vocal, etc... Minha alma voltou a ser adolescente, por muito tempo eu não me sentia viva, me senti sobrevivendo a toda essa situação, mas de repente... Eis que me sinto viva e cheia de energia de novo, e nada nem ninguém vai me fazer sentir mal nesse momento, continuarei cuidando dele e continuarei com a missão que eu escolhi, mas agora com muito mais leveza e olhando também para mim, pq se eu não cuidar de mim mesma, com certeza ninguém vai cuidar.

E tenho dito.