quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Todo excesso esconde uma falta...

Sim, isso é um fato. Estou cada dia mais lúcida e consciente. Eu sempre fui intensa, quem me conhece sabe, sou assim desde que me entendo por gente. Sempre tive sentimentos exacerbados, sempre me doei profundamente para as amizades, sempre amei com toda minha alma e meu coração. A verdade é que sempre amei ser assim. Dizem que amar é admirar, e eu admiro mesmo a minha pessoa, exatamente por conseguir viver intensamente cada dia da minha vida. Conheço poucas pessoas como eu, as pessoas em sua maioria são bem mais comedidas. O fato é que, por mais que a gente saiba que o amor deve ser dado sem querer nada em troca, uma hora o bicho pega. Nem espero, nunca esperei por alguém que possa me amar com a mesma intensidade que amo, mas de verdade ando cansada de ser invisível. Ando cansada de não ser vista. Ando cansada de só ser vista quando algo sai errado, quando erro em alguma tarefa, cansei de ser um robô. Já faz um tempo que ando privada de sentimentos, por questões de sobrevivência mesmo. Porque ou eu sublimava tudo o que sentia ou simplesmente enlouquecia, já que praticamente fui obrigada a esquecer a minha essência, esquecer quem eu sou, para conseguir viver a minha vida atual. Vida que escolhi. Não sou vítima. Nunca vou assumir esse papel. Mas o fato é que muita coisa mudou e eu não mudei. Me forcei a mudar para me encaixar, mas uma hora isso vem à tona, uma hora a essência grita. Uma hora a falta de tudo o que me é vital e  importante transborda. 
Estranho, né? A falta transborda. 
É exatamente como estou me sentindo, a falta está me transbordando. Não estou conseguindo dar conta de tanta falta. É aí que aparecem os excessos: no início, vieram as fugas nas saídas, conhecer gente nova, viver em baladas nada a ver comigo, beber para ficar divertida (para quem? Por algum tempo, me permiti ser a boba da corte de uma turma que nunca foi minha), depois veio a comida. Nunca fui compulsiva, mas hoje me vejo comendo sem nem pensar, comendo sem estar com fome, depois me sentindo mal, tanto fisicamente como emocionalmente, por não ter conseguido me controlar... Todo excesso esconde uma falta. Fato. 
E por mais que as aparências possam enganar, que meu sorriso seja contagiante, que eu pareça sempre tão bem disposta, alegre e animada, o fato é que a falta de tudo o que me é importante está me matando aos poucos por dentro. E é para me manter viva de verdade que venho lutando com todas as minhas forças. Para não ser só um personagem, para não ser só um espectro do que já fui, para continuar a ser a Andreia que eu tanto amo e tanto admiro. Eu não quero me perder de mim. Eu não quero me acostumar com a falta. Eu não quero ser um robô. Eu preciso de mim inteira. Eu preciso de mim como verdadeiramente sou. E é por isso que eu luto para dar a mim mesma o amor que eu não recebo de quem eu queria. Eu doei a minha vida a outro ser humano. Não me arrependo. Foi uma missão que eu abracei. Mesmo com toda a dor da indiferença que eu sinto hoje, confesso que se pudesse voltar no tempo, eu faria tudo de novo. Pode parecer loucura. Talvez até seja. Mas sinto que essa missão eu cumpri e cumpro. Ficaria feliz se eu recebesse um décimo do amor que eu doo diariamente, incessantemente, mesmo diante da indiferença. O que mais me dói mesmo é ter que me acostumar com a falta. 
Dói. Lateja. Mas eu vou sobreviver. Porque eu me amo. Porque eu preciso de mim inteira.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Amém! Tá cada vez doendo mais e mais profundamente, mas ostra feliz não produz pérola, né? Te amo muito também. ❤

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