O que eu quero, eu quero pra ontem!

Estou tentando equilibrar isso em mim. Eu tenho uma pressa pra viver, como se o mundo fosse acabar amanhã. Isso não é em sentido figurado. Realmente muitas vezes eu vivo como se não fosse mais ter tempo pra nada. Como se o mundo realmente fosse acabar no dia seguinte. Isso é bom por um lado, porque eu sou muito intensa… Mas me atrapalha muito, porque gera muita ansiedade.

Tenho tatuado em meu cóccix Carpe Diem, que significa: aproveite o dia. Foi uma das minhas primeiras tatuagens, fala muito sobre mim, já que eu realmente aproveito o dia. Não sou como a maioria das pessoas, que acha que vai ter tempo pra tudo, eu sempre vivo o dia de hoje como se fosse o único. Não tenho certeza de nada em relação ao futuro… Sei que, na verdade, ninguém tem, mas a grande parte das pessoas que eu conheço, vive como se fosse ter todo o tempo do mundo e eu já sou absolutamente o inverso. Apesar de estar cada dia mais jovem de alma, corpo e espírito, eu tenho pressa. Eu achei que isso fosse passar com a maturidade, sou assim desde muito nova, minha mãe dizia sempre: o mundo não vai acabar amanhã, tenha calma. Mas aos 42 anos de idade, eu confesso: ainda não aprendi. Tenho pressa.

Quando resolvo fazer uma tatuagem, por exemplo, não espero muito tempo, já escolho o desenho, procuro o profissional e faço. Só não faço mais bobagens, do tipo escolher qualquer um, mas não tenho paciência para esperar meses, até porque a vontade pode passar, e provavelmente vai passar mesmo e eu não quero que ela passe. As minhas tatuagens marcam momentos da minha vida, e se o momento passa, não tem mais sentido tatuar. Eu nunca vou enjoar de nenhuma, isso eu já sei. Porque cada uma tem um significado relacionado ao momento em que eu estava passando quando resolvi fazer. Por isso não deixo o momento passar, porque caso ele passe, a tatuagem perde o sentido pra mim.

Durante essas últimas internações de Francisco, simplesmente fiz 4 tatuagens novas. Todas com muito significado pra mim, não vou escrever agora sobre isso, é um assunto para outro post. Mas se eu tivesse esperado para fazer depois, provavelmente não faria. Ainda bem que fiz, porque além de terem ficado lindas, elas falam muito sobre o momento em que estou vivendo.

Sempre tive vontade de voltar  a escrever, mas desde que Tiago cresceu, que o computador fica a maior parte do tempo ocupado por ele, seja jogando ou estudando e minha inspiração vem de repente, não dá pra esperar… Se eu não escrever no momento, provavelmente não vai rolar depois. Eu nem estava pensando em comprar um notebook, tinha outras prioridades, mas o tempo no hospital com Francisco internado me fez repensar minhas prioridades e hoje eu vejo que foi a melhor coisa que fiz. Me salvou do sentimento de solidão, por passar dias sem fim no hospital e me fez retomar meu processo criativo, o que me aproxima muito de mim mesma. Então, se eu parar pra pensar, essa minha pressa é mais produtiva do que negativa. Se eu fosse mais racional e ponderasse mais, provavelmente não teria comprado o notebook e ainda estaria me sentindo solitária e entediada nesse quarto de hospital. Ao escrever eu me transporto para outro mundo, eu me liberto de todo o sentimento negativo e deixo de pensar em coisas que antes me deixavam angustiada.

Se eu quero aprender a ser menos imediatista? Acho que não. Se eu quero aprender a viver com menos pressa? Com certeza, não. Se até hoje eu não aprendi, não vai ser agora que vou aprender mesmo. Não que seja impossível, mas é que acredito que, mesmo que em alguns momentos isso me atrapalhe um pouco, ainda prefiro ser assim do que como as pessoas que vivem em câmera lenta, esperando o mundo acabar em barranco para sair rolando...