sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Padrões de beleza...

Sei que esse é um assunto muito batido, mas hoje senti vontade de falar a respeito.
Ontem assisti a um programa de TV junto com Francisco, acho que na Discovery ou em algum desses canais de TV por assinatura. Era sobre um fotógrafo que resolveu registrar "mulheres normais" sem photoshop e nenhum outro programa de edição de imagens. Tratava-se do tão falado "empoderamento" das mulheres. Eu não sou nada fã desse termo, não sou feminista (aliás não gosto de nenhum tipo de discurso extremista, seja feminismo, machismo, coisas afins). Mas sinceramente fiquei sem entender muito o objetivo desse fotógrafo. 
Muito se fala em padrões de beleza, em modelos inalcançáveis para nós, mulheres normais, que tem estrias, celulite, flacidez. Não parecemos manequins de loja, sem nenhuma marca no corpo. Aí vem um fotógrafo com o objetivo de mostrar a realidade, as mulheres como elas são, com todas as suas imperfeições. E o que nós vimos nesse documentário foi exatamente as modelos inalcançáveis, fazendo questão de dizer que nenhum truque foi usado e que lá estavam elas, com suas imperfeições. Aham... Que imperfeições??? Mulheres plasticamente perfeitas, barrigas sem nenhuma dobra, mesmo em poses altamente desfavoráveis, nada de celulite ou estrias, nenhuma flacidez, seios no lugar, bumbum lisinho. Na verdade, o que ele mostrou nada teve a ver com mulheres normais mostrando imperfeições. Ali estavam modelos muito bem pagas, que vivem a vida cuidando incansavelmente dos seus corpos e que nada se parecem com as pessoas que encontramos no dia-a-dia, com as nossas colegas de trabalho, de faculdade, com as mulheres que vemos nas praias ou clubes. Se o objetivo era mostrar imperfeições de mulheres comuns, eram essas as mulheres que deveriam ser mostradas. Mulheres comuns. 
Claro que ninguém quer ver o feio, ninguém quer fotos de mulheres com estrias, celulites, flacidez... Todos gritam pela aceitação, mas preferem ver a perfeição. O que eu me questiono é com a hipocrisia do projeto. Se a intenção era mostrar as imperfeições de mulheres comuns, para que mostrar a perfeição dos corpos esculpidos dessas modelos, que nada tem de comuns?
Eu já tenho 42 anos e não estou mais tão preocupada em ter corpo perfeito. Gosto de fazer exercícios físicos e cuido da minha alimentação, procuro ser o mais saudável possível, porque gosto de me olhar no espelho e ficar feliz com o que vejo, não gosto de engordar muito, nem de emagrecer demais, pois aparecem mais as imperfeições que eu tenho. Sim, porque eu sou uma mulher comum. Não sou uma modelo. Nunca fiz plástica, embora até tenha vontade. Me falta um pouco de coragem e muito de dinheiro. Mas meu objetivo maior é me aceitar, da maneira que eu sou. E tenho conseguido. 
Mas me pergunto quantas meninas, adolescentes, que também não tem o corpo perfeito, liso, sem nenhuma celulite ou estria (o que hoje é bem difícil, vejo bebês com celulite), veem um programa como esse e se perguntam porque o corpo delas também não é perfeito. Aí temos meninas enlouquecidas, para chegarem perto do corpo de uma dessas modelos, que segundo o programa são mulheres comuns com imperfeições... Ok. Juro que procurei uma imperfeição que fosse em uma das muitas modelos fotografadas. E olha que sou bem crítica. Não vi nenhuma. Nenhuma imperfeição. É assim que se busca fazer um projeto para que as meninas se aceitem? Se "empoderem"? Não creio, de verdade. 
Muitas das mulheres que assistiram esse programa devem ter terminado ainda mais infelizes com os seus corpos, já que as "mulheres comuns com imperfeições" estavam ali sem filtro, sem photoshop e não tinham nem um terço das nossas imperfeições reais. Aliás, de verdade, fisicamente não tinham imperfeição nenhuma. Grande hipocrisia! 
As fotos eram belíssimas, as modelos mais ainda, o fotógrafo - um excelente profissional. O que eu questiono é o motivo. Ali nada tinha a ver com incentivar a aceitação dos corpos imperfeitos ou "empoderar" mulheres comuns. Mais uma vez era um programa de TV nos mostrando corpos perfeitos e padrões praticamente inatingíveis para a maioria das mulheres. 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

"Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar..."

Sábia frase... Quando o que temos a dizer não for melhor que o silêncio, o melhor é calar... 
Eu tenho aprendido isso, graças a Deus. Estou me policiando cada vez mais para não sair por aí, falando bobagens, opinando onde não fui chamada, me intrometendo na vida alheia. Sim, não vou aqui dizer que nunca fiz isso. Já fiz sim, levada muitas vezes pelas "rodas de amigos", onde por falta de assunto, acaba-se sempre falando o que não devemos. Tenho me policiado para que isso não aconteça, primeiro porque é leviano, segundo porque não quero fazer com outras pessoas o que não gosto que façam comigo.
Essa máxima devemos levar para a vida, é a regra básica do bem viver, do conviver: "não fazer aos outros o que não queremos que façam conosco". É bem simples, mas nem sempre é tão fácil. Estou cada vez mais aplicando isso em minha vida.
Hoje, ao ler o texto de uma amiga no facebook, parei pra pensar a respeito de algumas coisas. Lá ela falava sobre pessoas que chegam com comentários desagradáveis e pouco construtivos, do tipo: "nossa, como você está magra!", mas não em tom de elogio e a gente bem sabe diferenciar quando é algo que vem para construir e quando é um comentário que, querendo ou não, vem implícito a intenção de nos colocar pra baixo... Eu passo por isso sempre, mas hoje criei um escudo, dizem que estou mais fria, a verdade é que aprendi a me proteger das pequenas maldades alheias, que todos parecem aceitar (já que todo mundo faz...). Me recuso a aceitar e como não posso modificar os outros e as suas línguas ferinas, modifico a mim e aos meus ouvidos, filtrando o que ouço.
Já cansei de ouvir comentários do tipo: "porque você faz isso com o seu cabelo?" , quando eu passava a máquina e me deixava quase sem cabelo... A minha resposta sempre foi simples: "porque deu vontade!". As pessoas estranham o que é fora do convencional, isso eu até entendo... Mas daí a chegar para a outra e impor a sua opinião, é no mínimo falta de bom senso. E daí se eu raspo minha cabeça? O que isso muda a vida de quem me vê? Ninguém é obrigado a gostar do que eu faço comigo mesma, mas existe uma coisa que se chama "respeito às diferenças" e poucas pessoas sabem o que é isso, apesar de estarem por aí gritando aos quatro ventos que querem respeito. Faz um tempo que eu fui mandar fazer óculos pra mim, tenho que usar há anos e não consigo me adaptar... Eis que o senhor que é dono da ótica, chega pra mim e fala: "uma moça tão bonita e estragou a pele com essas tatuagens." Quem escuta sempre tem que ser educado, né? Mas a pessoa se acha no direito de falar o que quiser. Não é bem assim. Eu sou educada, mas não levo muito desaforo pra casa não. Eu simplesmente falei pra ele: "pois eu me acho muito mais bonita agora, que enfeitei minha pele com as tatuagens." Mas o ser humano não cansa de falar. Não para de dar opiniões onde não foi chamado. 
Eu vivo a vida de uma forma bem leve, diante de uma realidade extremamente difícil e o que eu mais escuto por aí é que sou hipócrita e falsa, que ninguém diante de tantos problemas, pode viver com um sorriso largo no rosto. Ok. Eu que não vou perder meu tempo provando a ninguém que a felicidade reside dentro de nós mesmos e se a maioria do mundo prefere enxergar os problemas em vez de agradecer pelo simples fato de estar vivos, sinto muito! Eu realmente não pertenço a esse mundo. Me deixe no meu mundo de Alice. ;-)
Garanto que no meu mundo, as pessoas são bem mais legais umas com as outras! 

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Retrospectiva e recomeço...

Todo final de ano é o encerramento de um ciclo, de um tempo. E todo começo tem gostinho de novidade. Uma vontade de fazer algo diferente. 
Nesse ano que passou, eu estive mais atenta a mim mesma, pude perceber muitas das minhas falhas e o motivo de certas histórias se repetirem em minha vida. Existe uma frase que diz: "Quando a história se repete, preste atenção. Há uma lição que você precisa aprender, que talvez tenha ignorado na primeira vez." Não sei quem escreveu, mas são sábias palavras. Muitas vezes nos perguntamos o porquê de estarmos passando pela mesma situação... e muitas vezes essa situação se repete inúmeras vezes, até que a gente percebe que somos nós que precisamos mudar, para que a situação mude. Se a mesma história vem se repetindo com frequência, é porque estamos insistindo em algo que já deveríamos ter abandonado... Aconteceu comigo. Deve acontecer com vocês também, mas às vezes passamos direto pelas coisas, sem prestar atenção. Esse ano eu resolvi prestar atenção.
Como em todos os anos, faço minha retrospectiva e não encaro isso como um clichê de final de ano, encaro como uma necessidade de auto-análise e autoconhecimento, de crescimento interior e amadurecimento. Esse ano eu me assustei com a quantidade de pessoas que se afastaram de mim, pessoas que eu considerava amigas, pessoas que eu achei ter cativado (assim como a raposa do Pequeno Príncipe), mas cativar é algo "quase sempre esquecido... é criar laços" (como diria a raposa...). Realmente, se fala muito em cativar, mas poucas pessoas sabem o que significa, poucas pessoas se permitem ser cativadas e sinceramente, eu me cansei um pouco de tentar ser a raposa. Hoje estou bem mais sozinha, tenho bem menos amigos, os que tenho são preciosos, mas acho difícil criar laços.
A maioria das pessoas usam máscaras, representa o tempo inteiro um papel que acha mais conveniente na sociedade e por mais que eu perceba que poderia muito bem entrar nessa mesma linha e viver rodeada de "amigos", por ser mais adequada à sociedade... de verdade, não quero. Não quero representar um personagem para ter pessoas por perto, para ser popular, para ser mais aceita. Não é muito fácil ser como sou, não sou uma pessoa fácil, a minha intensidade assusta, a minha pressa de viver afugenta a maioria das pessoas, a minha transparência incomoda, o meu jeito livre de ser faz com que as pessoas, na maioria das vezes, confundam bastante as coisas.
Então, fazendo a minha retrospectiva de final de ano e estabelecendo as metas para 2017, meu objetivo principal é estar cada vez mais fiel a quem sou, me aceitar cada vez mais, melhorar no que eu considero necessário (estamos em um eterno processo de evolução) e não cometer os mesmos erros. Não deixar que histórias se repitam. Ainda que não seja tão fácil ser como sou, eu me amo exatamente assim. Daria tudo para ter uma amiga igualzinha a mim, posso ter muitos defeitos e realmente tenho, mas sei das minhas qualidades, sei o quanto a minha amizade é preciosa e agora, perto de mim, só quem me aceita como sou. O resto... quem precisa de resto pra viver?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Solidão ou Liberdade?


"Aprenda a ficar sozinho e gostar disso. Não há nada mais libertador e poderoso do que aprender a gostar da sua própria companhia." Cecília Meireles
Verdade mais que verdadeira. Desde que eu parei de tentar ter pessoas ao meu lado a qualquer preço e passei a gostar verdadeiramente de estar sozinha, me sinto mais forte e mais feliz. Ter amigos é muito bom, não vou aqui levantar uma bandeira de solidão. Eu sou uma pessoa extrovertida e comunicativa, gosto de ter companhia. Mas quantas vezes me permiti ter companhias nocivas ao lado, apenas por medo de estar sozinha?  A sociedade, muitas vezes, nos cobra que sejamos populares, que estejamos sempre acompanhados de alguém para parecermos normais e felizes. Uma pessoa sozinha parece esquisita. Hoje em dia, eu vejo o quanto isso nos aprisiona e até nos escraviza. 
Quantas vezes eu me permiti estar acompanhada de pessoas que não tem nada a ver comigo, porque seria esquisito estar em certos ambientes sozinha? Quanta bobagem! Estar sozinha é bom, não há nada de errado com isso. E as pessoas mais felizes não tem medo da solidão. Porque sua própria companhia é agradável, porque é maravilhoso poder ir para onde quiser, sem se preocupar se a pessoa com quem está vai gostar das mesmas coisas que você. Porque você pode simplesmente querer ficar em casa, sentar na sua poltrona, tomar um café, ver um filme... E rir sozinha das piadas prontas, sem se preocupar em parecer idiota! E chorar com as sessões da tarde repetitivas e piegas, sem ter um olhar te censurando por ser tão sentimental e dramática! ;-)
Estar rodeado de amigos é muito bom, eu sei. Mas conseguir estar bem consigo mesma, independente de estar acompanhada, não tem preço. Demorei a aprender isso. Conheci muitas pessoas que não tinham nada a ver comigo e caminhei ao lado delas durante um bom tempo, sem perceber o quanto deixei de me agradar, o quanto deixei de fazer o que me deixava feliz, apenas para ter a companhia dessas pessoas. Isso é uma prisão. Nos permitimos deixar de lado a nossa felicidade para ter alguém por perto. Quando deixamos de nos preocupar com isso e passamos a nos escutar mais, a nos satisfazer mais com a nossa própria companhia, acreditem: é libertador! A partir de então, só teremos as melhores companhias. Porque só nos permitiremos estar ao lado de quem ofereça uma companhia tão boa quanto a nossa! Passamos a não nos permitir mais ser roubados de nós mesmos. 
Já dizia Nietzche, sabiamente: "Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia.”

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Duas montanhas e um sol...

Ah, como tudo era mais fácil quando eu ia pra escola, desenhar duas montanhas e um sol. Vi isso esses dias num instagram de indiretas, bem engraçado, que me diverte muito...
Mas é verdade. Era tudo bem mais fácil! E quando eu penso na pressa que eu tinha de crescer, de ficar "independente", de não ter que dar satisfação a ninguém (quanta ilusão tem a mente de uma criança ou adolescente)... Quanta ingenuidade! Eu daria qualquer coisa pra voltar agora no tempo e estar lá no jardim de infância, me preocupando só em desenhar as duas montanhas e um sol. Talvez uma casinha (porque eu amava desenhar casinhas bem coloridas, comigo em uma das janelas).
Fácil ouvir e repetir que não devemos nos preocupar com nada, que cada dia traz consigo o seu mal (é até um trecho bíblico, só não sei de qual passagem, minha cabeça está doendo muito pra lembrar disso...). É fácil falar, ouvir e repetir. Mas na prática não funciona bem assim. Funcionaria se eu vivesse como uma hippie (já foi um dos meus sonhos e talvez seja o que me espera na velhice). Se eu não tivesse contas pra pagar, remédios para comprar, colégio de filho, aluguel, etc e tal. Como viver sem me preocupar com isso? Desculpem, mas eu não consigo. Não cheguei nesse nível espiritual de não ter que me preocupar com o material, porque infelizmente vivo no mundo material e não no etéreo. Odeio ter que me preocupar com essas coisas, acho tudo isso muito pequeno, mas se eu não pagar minhas contas, provavelmente não conseguirei viver em paz nesse mundo. As pessoas não querem saber das suas dificuldades, elas querem receber o que é devido, não importa como.
Francisco é professor da Universidade do Estado, mas há meses não recebe em dia, em alguns meses recebeu parcelado e no mês de dezembro, que é o mês das "festas" não tem previsão de receber o salário, que dirá o décimo terceiro. Esse é o país em que vivemos. O país onde os políticos reinam e fazem o que querem e ainda culpam o povo por estar mais saudável e envelhecendo mais, causando um rombo na previdência. Odeio falar sobre política, mas está afetando a minha vida, a minha saúde, a minha paz, o meu sono.
Estou numa fase complicada, onde simplesmente não vejo saída. Muitos diriam: vá trabalhar... Vem trocar de lugar comigo, vem... Eu não posso sair de casa nem pra ir ao supermercado, já que o homecare exige que eu fique ao lado do técnico de enfermagem durante as doze horas que ele passa aqui em casa... Aí ontem uma amiga me perguntou: e as outras doze horas do dia? Eu simplesmente respondi: aí eu passo sozinha com Francisco, sem o técnico de enfermagem, é a única coisa que muda, mas continuo sem poder sair de casa. ¬¬
Aham, ainda escuto de algumas pessoas que eu poderia trabalhar sim, não trabalho porque não quero. Ah, vá catar coquinhos!!!
Tudo bem que tudo que estou passando é resultado das minhas escolhas, mas eu tenho o direito de me cansar e reclamar de vez em quando. Pronto, falei.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Tatuagens e Piercings: cicatrizes que escolhi!

Para muitas pessoas, tatuar o corpo é apenas um processo de enfeitar... O corpo é uma tela e nós a colorimos como bem entendemos. Ok, é uma ideia interessante e conheço várias pessoas que pensam dessa maneira.
Mas pra mim, funciona de uma forma um pouco diferente. Não é uma questão de enfeitar, tanto que já me ofereceram desenhos lindíssimos e eu simplesmente não vou tatuar, porque não significam nada pra mim. Recentemente conheci um tatuador e ficamos amigos, ele fez a maioria das minhas mais recentes tatuagens, durante essa longa internação de Francisco. Amei todas as tatuagens que ele fez, todas tem um significado super especial pra mim. Como sempre. Acho que eu só tenho duas tatuagens que não significam nada e foram as primeiras que fiz... Há muito tempo atrás. Todas as outras tem mais do que significado: são cicatrizes que escolhi ter. Representam muito!
Outro dia ele me mandou desenhos lindos, que ele diz que são a minha cara. Fiquei lisonjeada, porque realmente são desenhos belíssimos, super femininos... Mas não me dizem nada. Ele falou que ficaria super feliz de fazer um desenho assim em mim (maior, mais colorido, para o artista é claro que é melhor fazer um desenho que se destaque mais no corpo da pessoa tatuada). Mas a questão é que talvez ele nunca compreenda a importância dos desenhos que ele fez em meu corpo. Porque são muito mais profundas as minhas razões para tatuar algo, que vai ficar eternamente na minha pele, do que simplesmente ser um belo desenho... 
A mesma coisa acontece com os piercings... Tem gente que para e me pergunta se eu fiquei rebelde tardiamente, rs... A questão é que hoje eu sou liberta das convenções da sociedade, de que existe idade para se fazer isso ou aquilo. Desde que se tenha o mínimo de noção, acho que a gente pode fazer tudo... Eu sou muito crítica comigo e jamais iria fazer algo que considere ridículo. Mas ao colocar os piercings, estou muito longe de querer chamar atenção. É um momento que, para mim, é muito mais uma sessão de terapia. Não sou masoquista ou, de repente, até seja um pouco... Não sei, mas a dor da colocação do piercing (que nem é essas coisas todas) e a dor da agulha desenhando uma tatuagem na minha pele... Me faz muito bem! É um momento só meu, único! 
Talvez seja difícil para outra pessoa entender, mas sei que hoje procuro fazer as coisas do meu jeito, sem prejudicar ninguém. E se eu estiver bem comigo mesma, provavelmente serei uma pessoa melhor para  quem convive comigo! ;-)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Simbiose

Já ouvi de algumas pessoas que eu e Francisco temos uma relação simbiótica e realmente acredito que sim... Acho que só com ele eu consigo realmente ser tão empática, sentir o que ele sente. Pode parecer exagerado, mas de verdade não é. Me dói quando ele sente dor, me angustio quando ele sente angústia... 
Hoje mesmo vim pra casa, no intuito de relaxar, porque a rotina desgastante do hospital está muito complicada e essa indefinição de data para liberação do homecare está afetando demais o nosso emocional. O meu e o dele. E hoje eu constatei o que sempre soube. Vir pra casa não me relaxa como eu pensava. Vir pra casa sem ele, não me faz tão bem como eu queria... Não acho justo que eu venha pra casa e ele fique lá, confinado no hospital, com riscos de piorar o quadro de saúde, por estar em um ambiente propício a infecções... Me sinto egoísta. Não é o que eu queria, nem de longe. E não me importo que algumas pessoas possam até não acreditar tanto no meu amor e nessa simbiose que temos há tempos... Mas eu sei o que eu sinto. Deus sabe do meu sentimento e isso me consola. Já faz um tempinho que eu deixei de me importar com o que os outros pensam a meu respeito. Atualmente basta saber que Francisco me conhece, sabe do tamanho da minha entrega e Deus é quem me move para que tudo isso seja verdadeiro. Do resto do mundo... Não estou aqui pra agradar ninguém, tento ser alguém melhor pra mim, pra Deus, pra minha família e pros meus amigos (pouquíssimos que ainda tenho). Os outros são os outros e só. 
Sempre que venho dormir em casa não tem o efeito que eu imagino... Ok, não vou ser hipócrita, como muito melhor do que no hospital, aproveito a companhia do nosso filho, mas sempre fica a pergunta na minha mente, o aperto no meu coração: e ele? Porque ele não pode desfrutar de tudo isso? Porque mesmo tendo alta, temos que ficar nessa tortura imposta pelo plano de saúde, que não libera o homecare para virmos pra casa? Porque? E só me resta esperar que o dia amanheça, para estar lá... no hospital, ao lado dele de novo, pra que ele saiba que tudo o que eu mais quero nessa vida é realmente permanecer ao lado dele, ainda que tenhamos que morar no hospital. Não preciso dessa falsa sensação de liberdade e vir pra casa sozinha. A minha liberdade mora ao lado do meu amor. Posso estar num cubículo frio, que é o quarto do hospital que habitamos a quase dois meses... Mas, acredite quem quiser, com todos os problemas, se estou do lado dele, é lá nesse cubículo que quero estar. 

domingo, 4 de dezembro de 2016

Em paz...


Cansei de tentar entender quem está ao meu lado, quem está contra mim ou quem está em cima do muro por medo de se posicionar.
Decidi me livrar de tudo e todos que tiravam minha paz.

A minha vida mudou quando eu simplesmente deixei de me importar com tudo que não é de fato importante. Eu não mudei por causa de um amor, ou uma desilusão, não eu não mudo por você nem por influência de ninguém.
Tornei-me indiferente a opiniões alheias, e pouco me importo com críticas destrutivas, principalmente vindas de pessoas hipócritas, demagogas, que vivem de mentiras.
Não preciso provar nada a ninguém, não preciso ser aceita ou agradar a todos. A minha consciência está tranquila, porque sou exatamente o que quero ser.
Lealdade para mim não é simplesmente uma palavra, é um estilo de vida, uma regra.
Eu mudei porque percebi que a vida era curta demais para condicionar a minha felicidade a pessoas e acontecimentos externos. Eu finalmente entendi que a única pessoa capaz de transformar solidão em companhia, tristeza em alegria, dor em amor, era, e sempre foi, eu mesma.
Eu aprendi a viver um dia de cada vez, às vezes com muita sensatez, às vezes fazendo tudo errado, porque eu tenho muitos defeitos para ser perfeita, mas sou muito abençoada para ser ingrata.
E foi errando que eu aprendi lições maravilhosas sobre a vida, sobre as pessoas, sobre o amor, sobre a dor, e o mais importante, sobre mim, sobre quem eu sou de verdade.
Eu não tenho muito, mas tenho paz. Eu não sou melhor do que ninguém, mas sou bem melhor do que ontem.
{Wandy Luz}
Incrivelmente o texto não é meu, mas bem que poderia ter sido escrito por mim! Transmite tudo o que eu penso e sinto. 

O desejo de ser esquecida...

Muitas vezes nos preocupamos em ser lembrados. É bom saber que as pessoas que verdadeiramente nos amam, lembram de nós com carinho, admiração e saudade. Quem não gosta de saber que é lembrado? Eu seria hipócrita se dissesse que não fico feliz ao saber que alguém que não vejo há tempos, lembrou de mim com saudade.
Porém o que tem mais acontecido ultimamente, é ser lembrada por quem eu realmente desejo ser esquecida. Algumas pessoas fizeram parte da minha vida e eu nem sei porque... Não consigo mais entender como eu pude ser tão ingênua para permitir que pessoas que não mereciam sequer minha atenção, pudessem fazer do meu cotidiano e da minha vida.  Na vida, muitas vezes a gente tem que passar por várias situações até aprender que nesse mundo não cabe mais ingenuidade e entrega total nos relacionamentos. Cabe muita discrição e cautela, porque infelizmente o mundo não é cor de rosa, as pessoas são muito mais maldosas do que eu poderia supor. Acho que eu errei muito, porque não sou maldosa e tenho dificuldade em ver maldade nas pessoas. Mas hoje eu aprendi que não adianta mais viver como Pollyanna, vendo só o lado bom das coisas. Tenho que viver como uma adulta madura, que tenho dificuldade de ser, porque Deus me fez com um coração muito bom, tenho dificuldade de ver a maldade que existe no mundo e fico triste ao me deparar com pessoas que fizeram parte da minha vida e só me viam com maus olhos. Com maldade mesmo.
É estranho pensar que pessoas que conviveram comigo, para quem eu abri a minha história, possam ter essa visão leviana ao meu respeito. Possam sair por aí devassando a minha vida, denegrindo a minha imagem e levantando falsos julgamentos, envolvendo a minha família.
Por essas e outras situações, é que eu ando me isolando, ando agora me trabalhando para ser menos ingênua, menos transparente, mais cautelosa e desejando mesmo ser esquecida. O que não é visto, não é lembrado. Eu queria ser invisível para os maldosos. Queria conseguir bloquear algumas pessoas na vida real, e não só no facebook e whatsapp. Queria poder bloquear definitivamente, para não ter risco de encontrar casualmente com quem nunca me enxergou com os olhos do bem. 
Já fui de querer ser popular, querer ser lembrada, de querer ter muitos amigos. Hoje eu só quero os bons por perto. Hoje eu só quero quem consegue me ver como eu sou, não sou melhor do que ninguém, mas não sou essa pessoa leviana que muitos julgam por aí. Como ainda não existe uma ferramenta que bloqueie os seres humanos reais, só me resta sair bloqueando virtualmente quem deseja me desvirtuar. Só me resta restringir cada vez mais minha lista de conhecidos (porque amigos, realmente são poucos) e só me me resta aprender definitivamente a me fechar e ser mais reservada. Esse mundo é cruel, as pessoas são maldosas (em sua maioria) e hoje eu entendo o que meu pai falava: "pra você, todo mundo é bom até que provem o contrário e pra mim, todo mundo é ruim até que provem o contrário". Pode parecer exagero, mas hoje eu vejo que não é.  A falsidade vem permeando o mundo faz tempo, com as redes sociais isso piorou muito, e hoje eu tenho uma certa dificuldade em confiar novamente, em me abrir novamente. Isso pode ser muito ruim ou pode ser muito bom, depende do ângulo.
Pra mim, é uma boa mudança. Eu cansei de ser julgada por coisas que não fiz e por uma maldade que não existe em mim. Não sou santa e nunca fui. Sempre fui verdadeira em tudo na minha vida e talvez isso incomode a maioria das pessoas. O que eu sei é que as situações foram me transformando e eu perdi muito da minha ingenuidade e espontaneidade, porque certas coisas não cabem nesse mundo. 
Hoje eu só desejo ser mais esquecida do que lembrada. Desejo que as pessoas que me veem com os olhos da maldade, simplesmente esqueçam que eu existo. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Perfeitas imperfeições

Esses dias reli um post antigo sobre minha mania de perfeccionismo e o quanto isso sempre me atrapalhou durante a minha vida inteira. Existem alguns defeitos que são inerentes à nossa personalidade e alguns a gente pode e deve tentar melhorar, para o nosso próprio bem estar. A minha pressa e agnoia de viver tudo pra ontem, eu nunca consegui mudar! É algo que algumas vezes me atrapalha, mas esse realmente é um defeito que faz parte de um alicerce meu, como dizia Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
Mas o perfeccionismo é um defeito que sempre me incomodou, porque atrapalha muito minha vida, desde a infância. E tudo o que nos trava, de certa maneira, deve ser trabalhado. Não vou dizer que me curei, ainda sou muito perfeccionista, mas agora já aceito mais as imperfeições, sejam elas naturais ou que apareçam ao longo da vida. Eu lembro da minha infância, que minha mãe começava a me arrumar umas duas horas antes de me levar ao colégio, porque eu queria que meu cabelo ficasse perfeito. Eu gostava de usar "maria-chiquinha" e tinha que ficar simetricamente perfeito em altura, olhava atrás para ver se estava bem reto o traço do cabelo, enfim uma neurose mesmo, como se alguém no colégio fosse medir com uma régua o meu penteado... e como se ele não fosse puxado por alguma menina implicante... ¬¬
Ninguém é simétrico, como eu desejaria ser. Aliás, não desejo mais. Aprendi a lidar com as imperfeições, até porque me lembro de há alguns anos ter visto numa reportagem na TV mostrando uma mulher, considerada a mais simétrica do mundo, um lado do rosto era completamente igual ao outro e sinceramente, não vi graça nenhuma nela. Não era a mulher mais linda do mundo e as pessoas que eu acho mais bonitas, estão muito longe de ser perfeitas. E de ser simétricas. Então parei com essa neura, já que não tenho mesmo um lado igual ao outro, se eu tirar uma foto imóvel 3x4 é bem nítido que um lado meu é muito diferente do outro, uma sobrancelha é mais baixa que a outra, um lado da minha boca é mais caído que o outro, tanto que odeio fotos sérias, onde isso fica mais acentuado, mas por outro lado isso é bom, já que me faz viver sorrindo! Não gosto mesmo desse estilo de foto que as pessoas mandam tirar: "faz carão!" Odeio carão, odeio bico de pato, gosto mesmo é de sorriso largo! =)
Parei com a neura com as tatuagens também, antes eu tinha uma mania de perfeição tão grande que gastava mais dinheiro retocando tatuagens que não tinham ficado perfeitas do que fazendo novas, que eu realmente queria. Amo todas as minhas tatuagens, mesmo algumas não tendo ficado exatamente como eu queria, porque elas simplesmente representam (todas) um momento da minha vida. Como diria minha tia Lúcia, não é nariz de santo para ser perfeito. Sim, depois que ela falou isso, parei pra observar: os narizes de santos são perfeitos, todas as imagens de santos que eu vejo tem o nariz impecável. E o meu nariz não é perfeito, é o nariz dos Boaventura, e já que também não é parecido com o bico de um tucano, me conformei com ele. Se eu tivesse que fazer plástica, com certeza não seria no rosto, poucas vezes vi alguém mexer no rosto e ficar bom... Parece que muda a pessoa completamente e eu gosto muito de ser eu mesma.
Enfim, aprendi a ficar em paz com a minha falta de simetria, aprendi que conseguir ver os próprios ângulos (mesmo os não favoráveis) e conviver com eles é bem legal. Aprendi que a beleza realmente não é reduzida ao que vemos, porque existem pessoas absurdamente lindas e que não transmitem nada além da beleza plástica e beleza sem algo mais é como olhar para uma boneca de cera ou um manequim de loja. O que nos encanta vai muito além da perfeição.